sexta-feira, 19 de abril de 2013

Dia do Índio

Foto: ABr/Arquivo



Hoje, 19 de abril, Dia do Índio. Mais que festa, o dia merece uma reflexão.

A realidade dos povos indígenas ainda é algo surreal para mim, confesso. Por mais que eu conheça suas lutas, leia a respeito de sua cultura e conviva com alguns deles bem de perto, já que moramos tão próximos de uma terra Guarani, ainda assim não me sinto em condições sequer de redigir um artigo a respeito deles ou desta data comemorativa.

Tento pensar sobre como encará-los. Hoje, andando pela cidade, encontrei vários deles. Muitos vieram de fora para participar de um Festival que vem sendo realizado aqui há 10 anos. E que, apesar das polêmicas que gera entre os moradores, tem meu total apoio. Primeiro porque é uma manifestação cultural, como pouco se vê por aqui. E segundo porque acho incrível, mesmo parecendo ser extremamente igual de um ano para outro. A energia deles é realmente diferente. Sentar ao lado deles, ouvir histórias, fazer pinturas pelo corpo. Tudo isso é uma oportunidade rara. Uma chance de conhecer um pouco mais sobre essa cultura milenar que, aos poucos, vai perdendo sua força diante da brutalidade de um mundo capitalista que engole tudo que vê pela frente.

Esse ambiente festivo, porém, só nos deixa ver a ‘beleza’ do ser índio. Meio que reforça aquela ideia que carregamos desde pequenos sobre andar pelados, pescar no rio e viver em harmonia com a natureza.

Só que enquanto isso, lá em Brasília, centenas de indígenas se unem para protestar. Em clima de guerra – e de guerra eles entendem bem - tentam lembrar aos nossos governantes que eles existem e que têm direitos sobre a terra em que vivem.

Pois é, eles também existem nos outros dias do ano. E quem se lembra disso? Quem se lembra que nos outros 364 dias do ano dezenas de índios ainda são mortos pelo Brasil afora por madeireiros e donos de gado?

Assim como ‘ser sustentável’ virou modinha, gostar de índio também. Puro modismo. Prova disso é que, no mundo real, as pessoas batem palmas a projetos ‘desenvolvimentistas’ e estão pouco se importando se os grandes empreendimentos impactam diretamente as terras indígenas ou reservas naturais. Se no passado eram os estrangeiros os algozes temidos, hoje são os próprios brasileiros, descendentes de uma cultura exterminadora, que só dá valor ao que trás lucro. Fora 19 de abril, todos os outros são dias de não-índios.

Será que é tão difícil perceber que o valor do Brasil está exatamente ligado às suas reservas naturais. Que nosso diferencial entre os países que buscam os primeiros lugares na economia mundial é termos a maior floresta tropical do Planeta em nosso território? E que os indígenas são fundamentais na luta ambiental?

Voltando à minha pequena reflexão sobre o dia do índio, ainda sem coragem para encará-los, penso que vou conversar com minhas filhas sobre da data. Falar sobre gente e natureza. Respeito e dignidade. Vai ser minha forma de comemorar do Dia do Índio.

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